sexta-feira, 4 de setembro de 2009

os ossos do ofício


Que fiz eu para merecer isto? Pergunto-me ao final da manhã, com lágrimas de desespero a rasar-me os olhos, nó no estômago e peito apertado. Com a agenda do dia toda pronta, as horas programadas e contadas, o dia de trabalho prestes a terminar e a libertar-me para uma tarde de tranquilidade e ela estraga tudo.

Às oito e meia da manhã entra pela porta adento, esbaforida e transpirada: aí soubemos que o Inferno tinha subido à terra e estava tudo desfeito. Vamos ter de começar tudo de novo, gerir as dúvidas, perceber os intermináveis "brainstorms" entre a decoradora omnipotente e a cliente nervosa, duelos de espadachim para ver que é mais cortante e mais persuasivo.

O que me custa é ser escrava destas circunstâncias, que me obrigam a colocar o meu ar mais compreensivo e disponível para estas indecisões e inconstâncias. E apontar, fazer milhares de anotações, sempre cheia de receios, porque não vou ouvir tudo, perceber tudo, anotar tudo, pois vai inevitavelmente haver coisas que elas não dizem mas pensam e isso eu não consigo adivinhar. Mas devia!!!

No fim, independentemente de ser responsabilidade minha, se alguma coisa falhar será pela minha suposta incompetência. E mesmo que não leve a discussão, leva concerteza a um olhar piedoso.

Por estas e muitas outras razões é que não quero continuar a prestar este serviço.
Eu também quero um papel principal.

1 comentário:

Marta Mourão disse...

Hás-de tê-lo. Respira fundo e calma!