quinta-feira, 29 de outubro de 2009

o baú

Às vezes um nadinha de nada mexe connosco.

De repente, de um salto, deitamos a mão ao baú e procuramos conforto, consolo e refúgio nas nossas memórias enferrujadas. Que bom é sentir de novo o que se sentiu, lembrar, rever momentos, caras e imagens. Amores e amizades. Se as recordações são boas, porque não o velho passeio "down memory lane"?

E num segundo, vemos o tempo em que as experiências sabiam sempre a pouco e nos aventurávamos a tudo o que nos arrepiasse a espinha. As veias latejavam, o coração batia acelerado e sem medo, desfiávamos a vida sob o toque seguro dos dedos. Mil palavras num silêncio, raciocínios articulados, tantos segredos partilhados ao ouvido, num olhar cúmplice. E depois, a música, os livros, os filmes, tantas referências, aprender a ser e a querer. Crescer. No fim, uma amizade inabalável, única, demasiado calada mas sempre reconhecida em suaves sorrisos de reencontro.

Ao meu amigo, que hoje recordei ao abrir o baú e ao desempoeirar as páginas, um grande bem hajas. Caso para dizer: Faraway, so close...

Quid pro Quo

sábado, 17 de outubro de 2009

going home


Nada melhor do que voltar a casa...
Seja quando regressamos de uma viagem para longe e nos apertamos contra o vidro redondo e gelado do avião, a tentar vislumbrar as referências da nossa cidade... ou quando chegamos, no alfa pendular, e atravessamos a ponte, repleta de emoções de chegada, com luzes e cores sempre renovadas e tão familiares.

Concordo que, na maior parte das vezes, é tão bom ir, ver e experimentar como o é voltar, rever e matar toda a saudade.

Mas por vezes, esta paixão reflecte-se todos os dias, ao percorrer os caminhos de sempre, no simples regresso a casa. E embora os motivos sejam os mesmos e o cenário se repita indefinidamente, nunca vamos deixar de achar que há sempre algo de novo, na qual vale a pena pousar os olhos cansados, uma vez mais. E, ao final da tarde e á cadência de um suspiro, o céu em palete de pintor guia-nos... e um orgulho desmedido explode-nos no peito.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

abc do yoga


Ontem fui a uma aula de yoga.

Na semana passada baldei-me e ontem o P. vingou-se. Saí de lá toda partida, sem sentir os músculos das pernocas e com os abdominais em prantos. É bem feita. Isto porque sou demasiado preguiçosa. Não consigo explicar porquê, já que durante mais de um ano venci os meus receios e fiz ginástica, com vontade e afinco. Agora fico frustrada, porque a minha outra personalidade recusa qualuqer tentativa de reactivar esses velhos tempos.

E assim sendo, vou-me encostando no sofá, pisco várias vezes os olhos cansados e entrego-me ao nada. Quando penso em todas as horas do dia que passo sentada, sem mexer um músculo decente e digno... *suspiro*

Claro que o N. não desiste facilmente e se não fosse ele penso que já teria admitido a derrota. Ele sabe que apesar das reclamações e má cara, saio de lá com as energias renovadas e um cansaço saudável.

E com mais uma saudação ao sol, respiração abdominal e um OHM sentido, fecho os olhos e tenho acalmar a minha inata ansiedade. Amanhã há mais.

domingo, 11 de outubro de 2009

happy birthday


Este ano não me cantaram os parabéns. Não tive bolo, nem velas, nem pedi desejos. Mas tive tudo o resto a que tenho direito e um dia de aniversário como não me lembrava. Acredito que se assim for, volto a acreditar nesta bela instituição de homenagearmos alguém, relembrando o dia em que ela começou a existir.

Baseado na simples teoria de que nestes dias só devemos fazer ou gozar tudo o que gostamos, o N. serviu de cicerone e cheio de atenção e paciência levou-me a ver coisas novas e a experimentar as de sempre: desde o pequeno almoço no BB Gourmet, o novo, na Av. da Boavista até almoço de sushi no fantástico Nigiri, "tarde livre" em que preguiçamos no sofá até ao final de dia tranquilo, com a noite a cair suavemente, através do reflexo dourado do copo de Kopke gelado, sentados na esplanada do Cafeína Wine Bar.

Para terminar, juntar a família, agora maior e mais sólida, à volta de uma mesa redonda. O restaurante Shis, sempre elegante, nunca nos deixa ficar mal e proporciona inúmeras surpresas gastonómicas, de babar e chorar por mais.

O Pai e Mãe sorriem ternamente e fazem uma festa nas minhas mãos e eu sinto-os sempre apoiantes e vigilantes, são o meu pilar...O mano e sua sócia no crime, sempre atentos e alegres, adoram a vida e eu admiro-os por isso.

No fim, o bolo mais apetecido, ontem de anos, mas o de sempre, o favorito, o supremo da gula. Em versão Polaroid, para a posteridade. Em pequenas trincadelas doces e mornas renovei os meus desejos e pensamentos e pedi apenas que o próximo fosse igual ou melhor.

Estou pronta para outra. Venham os TGINTA E TGÊS!!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

uuuhhhhhhh....

E que dia é amanhã? Huh? Huh?
Quem sabe???

bliss




E assim perdemos a cabeça, em gesto de desafio. Um dia antes sonhámos e que bom foi a sensação de decidir nas últimas, suar os últimos minutos e partir naquela estrada, pela noite dentro. E ao chegar: escuro como breu, mas envoltos em brisa morna e aromas de mar. Ao acordar, quase que sentia na boca o mastigar lento do pão alentejano com manteiga a derreter em gotas espessas. E o café quentinho, revigorante que nos ia lançar para o mundo: estávamos na costa alentejana, welcome to Zambujeira do Mar - we hope you enjoy your stay with us.

Assim foi, não pedimos nada e não fizemos planos. Sem expectativas, apenas a de gozar a companhia dos belos amigos, chamámos sala à praia e deliciámo-nos com o sol de Outubro, de pouca dura mas de muita vontade. Tanta vontade que quase me convenceu de que as férias não têm de durar, nem têm de ser no Verão - as férias são mesmo quando o homem quer e o São Pedro permite. E este foi o fim de semana mais rentável do ano, pois certamente valeu pelos vários em que tristemente olhámos o céu cinzento e choroso.

De jantares estamos conversados, quisemos ver e saber de coisas novas mas também revivemos velhas glórias. Bom vinho, melhor peixe e até umas divinas tostas em pão caseiro.

E não houve minuto desperdiçado a não ser o da pena de vir embora, porque na verdade, daqui a nada, partimos outra vez.