terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

real

Dedos roídos, feios e ainda em carne viva. Sentada mais uma vez no sofá, espero. Espreguiço-me, apanho o cabelo num novelo na nuca e espero por uma pequena brisa fresca. Malditos ar condicionados. As pessoas têm medo de morrer de frio no Inverno. A irritação da espera também me provoca este arrepio quente no fundo da barriga e das costas. O desconforto é sempre o mesmo. Antes de falarmos, quero fugir pela porta fora e continuar a fingir esta minha vida tranquila. Mas quando nos sentamos, solta-se a conversa e os pensamentos correm, desastrados, sempre com medo de não chegarem a tempo. E depois, o fio vai desenrolando lentamente. Ontem descobri que a realidade não existe. A única coisa que existe, de facto, é a nossa percepção da mesma. A boa notícia é que os nossos problemas e questões podem, de repente, ser reduzidos a nada. E isso é como um par de óculos cor de rosa que podemos sempre usar nos dias mais cinzentos.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

valentines part II



Ah quase me esquecia...

Quem foi apanhada fui eu. A sobremesa favorita é mesmo o bolo de chocolate. E ontem fez parte do meu pequeno almoço, depois de ter passado a noite escondido no armário.

Obrigado meu querido namorado: fazes valer as máximas que defendo e isso vale mais do que todos os presentes do mundo...

a thing of beauty is a joy forever



Palavras para quê?


Foi um presente de Natal para a casa e estivemos á espera que a vontade chegasse. Eis que hoje foi o dia em que ganharam um lugar definitivo na família. E subir ou descer as escadas nunca mais será a mesma coisa.

Não é isso que se pretende: Habitar e viver cada cantinho do nosso ninho?

sábado, 13 de fevereiro de 2010

noves fora nada

Nada.
Not a care in the world.
Só sonhar.

Foi o meu despertar hoje.

Há dias como este: quase perfeitos. O silêncio impera. No quarto não se houvem as crianças da escola a berrar de alegria nem as gaivotas manhosas a fazer voos rasantes às janelas. E enterrada nas almofadas, abro um olho e sou fulminada pela luz do sol, branca e fria. O N. já está longe a esta hora, entregue a uma das suas mil actividades de fim de semana. Às vezes tenho inveja. Mas hoje não. Começo a pensar no café forte que vou fazer quando me convencer a enfrentar o mundo e de rompão, furo os lençóis, pés no chão e sorriso nos lábios. O mundo é meu, hoje a vida pertence-me.

De novo, nada. Cozinha vazia. Silêncio. Café quente e curto. Momento feliz, em que a mente divaga, sonha, viaja para outras paragens e tranquilamente aceita a infinidade de opções que estes próximos dias reservam. Um minuto de cada vez. E tempo para tudo: sem planos e sem expectativas.

Nestes dias, quase perfeitos, esqueço as dores, angústias, medos e pânicos. Só quero é sorver os segundos e retemperar forças, rever caras e corações, fazer e acontecer. Abandonar-me à sorte, enfrentar o destino, deixar que a vida me aconteça. Exercitar a mente e descansar a carcaça.

O trinco gira, estala. A porta abre-se. Chega o companheiro de vida, arfante e animado. Vem de rastos, fez 60km de bicicleta e as pernas estão descoordenadas pelo esforço. Já purgou parte da semana nesta etapa da sua corrida infinita. É um homem muito mais feliz e agora estamos em sintonia. Os métodos são opostos, mas o resultado é o mesmo.

E no final: Nada. Não queremos mais nada. Hoje, pelo menos hoje, já temos tudo.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

valentines



Nem todos somos fãs e na verdade, temos que admitir, o consumismo desenfreado à volta desta data inventada recentemente, irrita e desmotiva. Mas no fundo, estes dias não devem ser esquecidos, porque é nos pequenos gestos que se revelam os grandes sentimentos.

E por isso, para os que querem e os que não querem, fica o desejo de um belo dia - que se quer a dois. Nós merecemos. E lembrem-se: é tão simples como um recado colado no frigorífico, um bolo da preferência escondido ou uma sessão de fotos de bons momentos.

Will you be my Valentine?

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

l'amour

Hoje pensei: que vou eu escrever?

Nada, pensei. A inspiração não tem sido uma constante. Acho que quando sentimos invariavelmente as mesmas coisas nem nos devemos maçar. A imaginação começa a faltar, os laivos de genialidade são inexistentes e a vida começa a ser uma grande chatice. E eu que tenho uma queda para o melodrama, fico farta com facilidade. É dificil viver comigo, sou um saco sem fundo, uma esponja de motivação, uma insatisfeita permanente.

Mas tenho sorte: uma das coisas que me provoca felicidade em contínuo é amar.
Assim pensei que, de facto, olhando em volta, não há muita gente que possa dizer o mesmo, o que faz de mim uma felizarda.

Sendo um eterno e batido cliché, foi um tiro certeiro para ambos. E quando menos se esperava, passou de giro a sério. E num abrir e fechar de olhos, os trapos foram atirados para o mesmo armário, a cama dividiu-se em dois e passei a ter leite de soja no frigorífico. Se isto não é amor, então não sei que vos diga.

Mas, o momento em que mais o sinto é quando todas as manhãs fico com o peito apertado, ao sair de casa. Porque morro de saudades no momento em que a porta bate. E porque temos um dia inteiro pela frente sem nos vermos.

E porque saber e dizer que a minha casa é agora nossa, adoça-me a boca e o coração.

Assim, quase dois anos depois e muitas lutas cá dentro e lá fora, deixo aqui uma singela manifestação de amor e um desejo de suave continuidade deste abraço apertado.