sábado, 13 de fevereiro de 2010

noves fora nada

Nada.
Not a care in the world.
Só sonhar.

Foi o meu despertar hoje.

Há dias como este: quase perfeitos. O silêncio impera. No quarto não se houvem as crianças da escola a berrar de alegria nem as gaivotas manhosas a fazer voos rasantes às janelas. E enterrada nas almofadas, abro um olho e sou fulminada pela luz do sol, branca e fria. O N. já está longe a esta hora, entregue a uma das suas mil actividades de fim de semana. Às vezes tenho inveja. Mas hoje não. Começo a pensar no café forte que vou fazer quando me convencer a enfrentar o mundo e de rompão, furo os lençóis, pés no chão e sorriso nos lábios. O mundo é meu, hoje a vida pertence-me.

De novo, nada. Cozinha vazia. Silêncio. Café quente e curto. Momento feliz, em que a mente divaga, sonha, viaja para outras paragens e tranquilamente aceita a infinidade de opções que estes próximos dias reservam. Um minuto de cada vez. E tempo para tudo: sem planos e sem expectativas.

Nestes dias, quase perfeitos, esqueço as dores, angústias, medos e pânicos. Só quero é sorver os segundos e retemperar forças, rever caras e corações, fazer e acontecer. Abandonar-me à sorte, enfrentar o destino, deixar que a vida me aconteça. Exercitar a mente e descansar a carcaça.

O trinco gira, estala. A porta abre-se. Chega o companheiro de vida, arfante e animado. Vem de rastos, fez 60km de bicicleta e as pernas estão descoordenadas pelo esforço. Já purgou parte da semana nesta etapa da sua corrida infinita. É um homem muito mais feliz e agora estamos em sintonia. Os métodos são opostos, mas o resultado é o mesmo.

E no final: Nada. Não queremos mais nada. Hoje, pelo menos hoje, já temos tudo.

Sem comentários: