Todos os dias contamos os restantes até ao final da semana. Todos os dias, mesmo os mais próximos, achamos que falta uma vida inteira para lá chegarmos.
E quando isso finalmente acontece, todos os planos e expectativas tendem a cair por terra. O corpo, pelo menos o meu, desliga. Apaga. Avaria e priva-me de toda a actividade fisica que deveria estar a fazer.
Quanto mais me queixo e mais reclamo necessidades de exercícios matinais, passeios á beira-mar e corridas no parque da cidade, a verdade é que sou tomada por um subito reumatismo, a gota, dores de costas lancinantes e uma neura providencial que a tuda rosna, enraivecida.
E para me acalmar, descansar de tanto esforço mental, sou mesmo obrigada a enterrar-me um pouco mais no sofá, a puxar a mantinha de lã para cima do nariz ou a embrulhar-me nos lençóis ainda quentes.
Acabo de descobrir que o que andei a fazer toda a semana foi sonhar com o dia em que o despertador não vai gritar e em que não deveria haver pesos na consciência por desistir da manhã. Se ao menos o sol me sorrisse lá de fora... No regrets?
Caros amigos, sejam benvindos ao nosso apartamento. Por favor, sentem-se e gozem a vista da praia ao final da tarde. Este é o primeiro dia do recomeço das nossas vidas e é disso que vamos falar...
domingo, 31 de janeiro de 2010
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
the day after
Na minha imensa desolação por semanas de chuva e céu cinzento, quer o que lá fora nos protege a cabeça como o que cá dentro a mói, eis que os raios luminosos e brilhantes vieram do sul.
Quando, sentados no comboio, embalados e de braço dado, fizemos o balanço dos dias, achamos que não podem existir melhores motivos para existir: os amigos são tudo o que temos nesta vida e pequenos tesouros como estes guardam-se no bolso apertado do nosso coração.
Inexplicável será perceber como nos ligamos tanto a pessoas que raramente vemos. Na verdade, desde que a química funcione e a conversa flua, que mais é necessário?
Por isso, em três dias e duas noites frenéticas celebramos a vida. Em todos os sentidos.
E com o N. desabafei: a verdade é que há meses não descansava assim. Não pensei nas minhas torturas diárias, não deixei de dormir pelo massacre nocturno das hesitações e dos medos. Pelo contrário: ri com vontade, sorri com doçura e apreciei os espaços, a comida e sobretudo a companhia. Nada melhor que uma tosta mista farta e um croquete de mil carnes na companhia de amigos, no desespero de uma rua sem alternativas. Ou as experiências partilhadas num copo de café gelado, com natas e chocolate (meu Deus, o pecado original...) ou um passeio pela baixa com direito a cavalas e sardinhas embrulhadas em papel colorido, rebuçados tão bonitos como deliciosos, feitos em mãos de aprendiz ou visitas à nossa identidade portuguesa, questionável pela ganância comercial mas agradável à vista.
E claro, bagels verdadeiros na inesperada Deli Deluxe, que cheira e parece bem. Foi um cappucino cheio de surpresas...e não tão negativas como pareceram, assim de repente. No fundo, que mais dizer: a vida continua.
A cereja no topo do bolo veio em formato petite. O que se planeia pode ficar por terra se a compensação for o privilégio de conhecer um novo membro da família. Tão frágil e tão bonito, de mãos e pés minúsculos, é impossível não sucumbirmos a um desejo: o de estarmos mais próximos e irremediavelmente apaixonados por este bébé tão desejado.
Obrigado a todos pela partilha deste momento tão especial. Renovam a minha fé na beleza que vive na lentidão dos dias e na paz que se sente ao partilhar tantos momentos de suave languidez e doce preguiça. Os mais produtivos...
Quando, sentados no comboio, embalados e de braço dado, fizemos o balanço dos dias, achamos que não podem existir melhores motivos para existir: os amigos são tudo o que temos nesta vida e pequenos tesouros como estes guardam-se no bolso apertado do nosso coração.
Inexplicável será perceber como nos ligamos tanto a pessoas que raramente vemos. Na verdade, desde que a química funcione e a conversa flua, que mais é necessário?
Por isso, em três dias e duas noites frenéticas celebramos a vida. Em todos os sentidos.
E com o N. desabafei: a verdade é que há meses não descansava assim. Não pensei nas minhas torturas diárias, não deixei de dormir pelo massacre nocturno das hesitações e dos medos. Pelo contrário: ri com vontade, sorri com doçura e apreciei os espaços, a comida e sobretudo a companhia. Nada melhor que uma tosta mista farta e um croquete de mil carnes na companhia de amigos, no desespero de uma rua sem alternativas. Ou as experiências partilhadas num copo de café gelado, com natas e chocolate (meu Deus, o pecado original...) ou um passeio pela baixa com direito a cavalas e sardinhas embrulhadas em papel colorido, rebuçados tão bonitos como deliciosos, feitos em mãos de aprendiz ou visitas à nossa identidade portuguesa, questionável pela ganância comercial mas agradável à vista.
E claro, bagels verdadeiros na inesperada Deli Deluxe, que cheira e parece bem. Foi um cappucino cheio de surpresas...e não tão negativas como pareceram, assim de repente. No fundo, que mais dizer: a vida continua.
A cereja no topo do bolo veio em formato petite. O que se planeia pode ficar por terra se a compensação for o privilégio de conhecer um novo membro da família. Tão frágil e tão bonito, de mãos e pés minúsculos, é impossível não sucumbirmos a um desejo: o de estarmos mais próximos e irremediavelmente apaixonados por este bébé tão desejado.
Obrigado a todos pela partilha deste momento tão especial. Renovam a minha fé na beleza que vive na lentidão dos dias e na paz que se sente ao partilhar tantos momentos de suave languidez e doce preguiça. Os mais produtivos...
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Mais vale tarde que nunca
O novo ano não trouxe grande inspiração.
Ainda espero pelos bons dias que certamente se avizinham, porque prometi que iria pensar positivo e é cedo para desistir. Tenho que confessar que a clareza de espirito, a segurança nas palavras, a vontade nas acções não estão em alta. Mas isso nota-se, sente-se, quase que se toca e se ouve. Não disfarço bem e não tento.
No entanto, dentro do mal - a insegurança profissional, as tristezas deste país e deste mundo, os resquícios de um final de ano pouco prometedor e sobretudo, sim sobretudo, este clima doentio - existem pequenas gotas brilhantes de esperança que timidamente pontuam o cenário e descortinam um pouco de sol, na sua refracção lapidada. E esses raios cortam e aquecem. Acreditamos um pouco mais.
Venham os nascimentos, os casamentos e as surpresas. Cada amigo feliz faz-me um pouco mais feliz também. E continuo a acreditar que ao virar de cada folha pode estar uma descoberta, uma janela, uma entrada de ar que me vai empurrar para o meu destino. Acho que se fechar os olhos com força, se pedir muito, se quiser muito, cerrar os punhos e abrir o peito, o que há de bom virá ao meu encontro e talvez ainda descubra que nos olhos que olho há tanto, na boca que me fala, nas mãos que se estendem na minha direcção, poderá estar a resposta que eu ainda não vi.
Ainda espero pelos bons dias que certamente se avizinham, porque prometi que iria pensar positivo e é cedo para desistir. Tenho que confessar que a clareza de espirito, a segurança nas palavras, a vontade nas acções não estão em alta. Mas isso nota-se, sente-se, quase que se toca e se ouve. Não disfarço bem e não tento.
No entanto, dentro do mal - a insegurança profissional, as tristezas deste país e deste mundo, os resquícios de um final de ano pouco prometedor e sobretudo, sim sobretudo, este clima doentio - existem pequenas gotas brilhantes de esperança que timidamente pontuam o cenário e descortinam um pouco de sol, na sua refracção lapidada. E esses raios cortam e aquecem. Acreditamos um pouco mais.
Venham os nascimentos, os casamentos e as surpresas. Cada amigo feliz faz-me um pouco mais feliz também. E continuo a acreditar que ao virar de cada folha pode estar uma descoberta, uma janela, uma entrada de ar que me vai empurrar para o meu destino. Acho que se fechar os olhos com força, se pedir muito, se quiser muito, cerrar os punhos e abrir o peito, o que há de bom virá ao meu encontro e talvez ainda descubra que nos olhos que olho há tanto, na boca que me fala, nas mãos que se estendem na minha direcção, poderá estar a resposta que eu ainda não vi.
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