segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

the day after

Na minha imensa desolação por semanas de chuva e céu cinzento, quer o que lá fora nos protege a cabeça como o que cá dentro a mói, eis que os raios luminosos e brilhantes vieram do sul.

Quando, sentados no comboio, embalados e de braço dado, fizemos o balanço dos dias, achamos que não podem existir melhores motivos para existir: os amigos são tudo o que temos nesta vida e pequenos tesouros como estes guardam-se no bolso apertado do nosso coração.

Inexplicável será perceber como nos ligamos tanto a pessoas que raramente vemos. Na verdade, desde que a química funcione e a conversa flua, que mais é necessário?

Por isso, em três dias e duas noites frenéticas celebramos a vida. Em todos os sentidos.

E com o N. desabafei: a verdade é que há meses não descansava assim. Não pensei nas minhas torturas diárias, não deixei de dormir pelo massacre nocturno das hesitações e dos medos. Pelo contrário: ri com vontade, sorri com doçura e apreciei os espaços, a comida e sobretudo a companhia. Nada melhor que uma tosta mista farta e um croquete de mil carnes na companhia de amigos, no desespero de uma rua sem alternativas. Ou as experiências partilhadas num copo de café gelado, com natas e chocolate (meu Deus, o pecado original...) ou um passeio pela baixa com direito a cavalas e sardinhas embrulhadas em papel colorido, rebuçados tão bonitos como deliciosos, feitos em mãos de aprendiz ou visitas à nossa identidade portuguesa, questionável pela ganância comercial mas agradável à vista.

E claro, bagels verdadeiros na inesperada Deli Deluxe, que cheira e parece bem. Foi um cappucino cheio de surpresas...e não tão negativas como pareceram, assim de repente. No fundo, que mais dizer: a vida continua.

A cereja no topo do bolo veio em formato petite. O que se planeia pode ficar por terra se a compensação for o privilégio de conhecer um novo membro da família. Tão frágil e tão bonito, de mãos e pés minúsculos, é impossível não sucumbirmos a um desejo: o de estarmos mais próximos e irremediavelmente apaixonados por este bébé tão desejado.

Obrigado a todos pela partilha deste momento tão especial. Renovam a minha fé na beleza que vive na lentidão dos dias e na paz que se sente ao partilhar tantos momentos de suave languidez e doce preguiça. Os mais produtivos...

1 comentário:

Marta Mourão disse...

Tive tanta pena de não passar mais tempo convosco. Gosto quando cá vêm. Para a próxima estamos todos juntos.