quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

a bientôt


Aqui estou eu, no final de mais um ano. Que sinto eu, afinal? Qual o balanço? Valeram a pena tantas lágrimas, tantos olhares vazios e não correspondidos, tantas costas voltadas?

Foram compensados pelos abraços apertados dos novos amigos, pelas transformações pessoais renovadas e pelo desejo de mais...

Mas não chegou e chego ao fim de mais um ciclo e não estou satisfeita. Devemos queixarmo-nos? É vergonha ou abuso, quando temos a dávida da existência? Não. Temos de nos rebelar e reclamar: trabalhámos duro e queremos mais, queremos com ambição e dignidade. Q.b.

Não chegou, porque faço e aconteço para os outros, dedico e defendo. Visto a pele e não a camisola. Agora quero usar a minha própria e sentir-me orgulhosa. Defender o meu castelo. Descobrir-me. Profundamente. Com toda a clareza possível.

Por isso, neste novo ano quero esquecer o que agora termina, melancólico e cinzento. E quero construir, nesta estaca zero onde estou estagnada e evoluir, sorrir e ser feliz.

Um brinde a isso e o mesmo desejo a todos. Um bom novo ano e até já!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

time after time





E enfim, está feito.
Foi muito bom, muito tranquilo, muito fluido. Vergados pelo peso do cansaço, fomos vencidos e caímos. E tudo foi acontecendo á nossa volta perante os nossos sorrisos cúmplices e os braços esticados em gratidão. Noite de Natal longa, recheada de olhares satisfeitos e gulas saciadas e Dia de Natal em jeito de homenagem a uma família que luta para se manter unida, completa com abraços saudosos e tradição a rigor.

Como sempre, tempo de dar e receber mas muito mais do que isso, tempo de juntar os afectos, retemperar forças e renovar os desejos de saúde e felicidade.

E tempo de acolher e ser acolhido, novas famílias se formam, nada é como dantes mas sim melhor. Tudo acaba por fazer sentido e as caras não nos são mais estranhas, tudo é parte da nossa nova vida.

E claro: não me safei do meu pecado capital. Vivam as rabanadas de mel, o bolo rei da Ribeiro, o queijo da Estrela e os formigos das sábias mãos de quem ainda os sabe fazer. Sem arrependimentos, mesmo face à enjoadela, a vida são mesmo dois dias.

A dieta começa para o ano!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

frio

No apartamento ao lado o Matias ouve a música do "Areias é um camelo...". Onde será que os pais desencantaram tal? De resto nada. Silêncio absoluto. Só o "ram-ram" dos pneus que passam na rua a rasgar a chuva que cai.

Sinto-me velha hoje. Encarquilhada e dobrada sob o meu peso. Peso uma tonelada. Mas pior, tenho frio. E pior ainda, tenho a casa gelada. Mas como foi acontecer isto? Acho que estivemos tanto tempo a ver o Inverno a brincar às escondidas que agora custa a crer. Claro que quando finalmente decido deixar de lado as minhas convicções sovinas e rendo-me ao facto de que a temperatura tombou pelas escadas, a casa já nem quer saber e recusa-se a aquecer.

Silêncio outra vez.

Olho para a manta de lã com olhos gulosos - dito e feito. Em breve todos vão começar a chegar e as portas vão bater por todo o prédio. Pode ser que um bocadinho de calor humano ajude.

Boa noite e até amanhã. Será que além do Areias, do Joana come a papa e do Papagaio louro, também tem o Vitinho?

sábado, 12 de dezembro de 2009

peso

De que somos feitos afinal? Somos ratos ou homens? Que fazem estes medos escondidos por trás do sonho da manhã e que nos agitam, nos fazem tremer, nos fazem gritar em surdina?

Eu tenho vindo a descobrir do que sou feita. Muito mais do que de carne, osso e pele, sou feita de ideias e emoções. Sou fraca e forte ao mesmo tempo, falsa e verdadeira, medricas e corajosa. Enfrento a escuridão de peito aberto mas a certo olhar furibundo vergo-me e baixo a cabeça. Ambiciono e planeio, proponho e consigo. Mas depois o cansaço vence-me, o incentivo morre e a vontade some-se. Quero tudo tão sofregamente e no fundo, não quero nada...Choro no vazio.

Que fazer então, como encontrar o sentido, como explicar os tropeções do passado? E como justificar tantos e tantos sonhos, premonições, recordações? Memórias em forma de gente. Escavar um pouco mais, levantar mais uns papéis empoeirados e tentar perceber. Sobretudo e acima de tudo: tentar perceber, fazer o raciocínio final, amadurecer, querer.

Não dá para voltar atrás e nada pode ser como era. Ainda bem. Agora há que aprender a viver com o eu que eu não conhecia ainda. E perder os vícios, as manias, os bloqueios e as fraquezas. Os medos. Acreditar que nada devemos e que somos um indíviduo, dotado de vontade própria e inteligência. A nós ninguém diz o que fazer: nós somos donos do nosso querer.

E eu quero é viver.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009


Não me lixem.
Chamem-me pirosa, antiquada, infantilóide... o que seja. Prometido é devido. A majestosa árvore, nos seus dignissimos 120cm de altura, ergue-se orgulhosa! Os 50cm de cabo de luzinhas "plim plim" (das que não piscam, claro está..) ajudam os fantásticos enfeites dourados e vermelhos a destacarem-se das folhagens farfalhudas de poliéster. Entre bolas vidradas, estrelas em chapa, corações em feltro e um pai natal gorducho, ergue-se a rena de palha, em estreia absoluta, no topo da dita olhando a sala em redor.

Digam o que quiserem, esta é a árvore mais bonita do mundo. Pelo menos para mim. Agora só falta a música a condizer.... "Last Christmas"?

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

plim plim


O céu está cinza mate. Promete frio, colado nas vidraças. O prédio dorme, silencioso e enrolado nos cobertores. Mais um feriado de Dezembro que eu recordo em memórias passadas, aqui já tão longe...

Há uns anos estava em plena actividade, sorriso nos lábios, luzes baixas, velas a queimar e vozes angelicais a debitar acordes natalícios. Mil músicas, sem cansar. Cada uma arrancando um sorriso e completando uma ideia, encontrando o presente ideal enquanto mãos hábeis desenham laços em fita vermelha e dobram papel prateado.

Ao fundo, mesas postas em brilhos de copos de cristal, pratos reluzentes em tons de vermelho, grinaldas e castiçais dourados, feitos para sonhar com natais em família ou entre amigos, sons de talheres a bater em pratos doces e vozes irrequietas a trocar conversas perdidas e reencontradas.

Eu ajudava a escolher, desdobrando soluções e criando expectativas. Nos minutos livres, rodeávamos enormes presentes em cumplicidade, e de tesoura em punho, calávamos mais um segredo, selado em papel e fita.

São dois dias do ano em que estávamos formatados para vender. Mas mais do que isso, o que motivava cada pesado minuto, era a simples ideia de podermos vender sonhos.