domingo, 9 de agosto de 2009

mindelo

Quando não estamos a contar nada nada, mas mesmo nada, os pequenos milagres acontecem.

Por mais cliché que possa parecer, é uma inquestionável verdade.

Ontem fomos apoiar um amigo que foi contratado como DJ de serviço para uma festa popular, de santo padroeiro. Por mais que ele se contraisse e se debatesse com o inevitável fracasso, especialmente depois da actuação do TonieNando, não havia forma de voltar atrás.

Nós que queríamos vir embora bem cedo, acabamos por nos deixar ficar, em solídário apoio. Depois do tradicional fogo, às doze, dezenas de pessoas despediam-se e deixavam a modesta praceta onde o M. se preparava. Aos poucos ficou claro que não haveriam muitos resistentes.

A incansável comissão de festas corria de um lado para o outro controlando as cervejas geladas, o porco no espeto e as extensões eléctricas manhosas que alimentavam as colunas, amplificadores e luzes no decrépito palco.

Por mais pulos, danças, rodopios e berros, nada parecia contagiar a multidão atordoada com tal qualidade de som. Deus dá nozes a quem não tem ouvidos. Quando tudo cheirava já a humilhação, os poucos mas bons amigos soltaram-se, subiram ao placo e pintaram a manta.

Em loucura com os B52's, ao som dos Talking Heads e em delírio com os Cutcopy, passando até pelo Prince e outros grandes clássicos, juntámo-nos em perfeita sinfonia a gozamos o prazer de sermos os gatos pingados desta história, ao melhor som, no meio de uma praceta singela e abandonada, numa pequena aldeia litoral do norte de Portugal. Como se não houvesse amanhã.

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